Mt. 5:27-32
O raciocínio utilizado pelo Senhor Jesus nesta passagem é o mesmo utilizado na questão anterior, pois da mesma forma que o crime não começa com uma arma em punho, o adultério não se incia na cama, mas na cobiça fecundada mentalmente. Mais uma vez Jesus está falando de caminhos do sentimento - da fonte de onde podem brotar as coisas boas e as coisas más. Ele não está falando apenas de atos praticados, mas da necessidade que todo ser humano tem de ser transformado interiormente. Para Deus o adultério não é cometido apenas para aquele que vai para a cama com a mulher alheia, mas também por aquele que projeta e consuma mentalmente a mesma situação.
É evidente que Jesus não está avaliando a gravidade das duas situações, todavia do ponto de vista da natureza dos indivíduos, tanto aquele que pensa (com olhares impuros) quanto aquele que consuma o ato são os dois de uma mesma espécie.
a) Onde está a raiz do problema?
Jesus ataca o mal pela raiz e condena a utilização do outro como objeto de consumo e prazer, e vai mais além, condenando a hipocrisia daqueles que adulteram mentalmente, e se protegem por trás da falsa religiosidade (Cl. 3:20-23). A hipocrisia deles consiste no ato de condenar outros adúlteros praticantes, enquanto eles continuam adulterando. O ensino de Jesus desnuda a hipocrisia dos escribas e fariseus, que não se dão conta de que, mesmo não praticando o adultério, são interiormente tão adúlteros quando os mais depravados pecadores, pois a origem do problema está no coração e não na consumação do ato.
b) O olhar impuro X o olhar que percebe a beleza
É fundamental perceber a diferença entre um e outro. Olhar com intenção impura não é a mesma coisa que olhar percebendo a beleza ou sentindo atração por alguém do sexo oposto. Não há pecado em se perceber a beleza da criação. Sentir atração por uma pessoa do sexo oposto é natural, contudo alimentar o sentimento e usar o outro mentalmente é que é tão pecaminoso quanto o ato praticado.
c) A nova natureza que o discípulo recebe de Cristo (2Co. 5:17)
A nova natureza que o discípulo recebe de Jesus, o faz diferente tanto dos que adulteram na prática, quando dos que adulteram mentalmente. O religioso se gloria do pecado não praticado, e por isso não sente necessidade de se arrepender do que é (aos quais não devemos nos assemelhar). Ao discípulo cabe uma atitude mais radical – a mutilação de áreas, sentimentos, motivações ou outras partes que o estejam levando a fazer de uma pessoa do sexo oposto um mero objeto de consumo sexual. Ao discípulo cabe avaliar criteriosamente a fonte onde começa o mal – o coração – e erradicar este mal, mutilando os sentimentos impuros.
Do ponto de vista de Deus, a responsabilidade é exclusiva do discípulo. A pureza ou a impureza depende dos olhos de quem vê e não da insinuação da outra pessoa (Tt. 1:15). Não há razões para nenhum de nós se colocar como vítima, mesmo que em todo jogo sexual haja uma via de mão dupla.
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